Brasil: Fascismo Ante Portas
Foram um total de 51 parlamentares do Congresso Europeu que assinaram uma carta à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e ao chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, pedindo que o bloco pressione o governo brasileiro a respeitar a Constituição no caso de uma derrota nas urnas do presidente Jair Bolsonaro.
O temor diante de um possível golpe de estado, se deve ao fato de que Bolsonaro, por diversas vezes flertou com o autoritarismo e com o discurso da extrema direita, além de compor a equipe de governo com maior presencia militar da história, superando ao período de ditadura militar no Brasil.
O presidente do Brasil já foi condenado quando membro do exército devido a sua insubmissão, porém hoje conta com apoio de grande parte do contingente, além dos setores mais conservadores da população, entre eles os evangélicos que hoje formam o maior grupo religioso do Brasil.
A falta de apoio da Suprema Corte Federal, e os ataques constantes do candidato a reeleição ao sistema eleitoral, assim como o uso constante de uma forte maquinária de fake News, fruto de seu discipulado com Steve Banon e o finado Olavo de Carvalho, faz da reeleição de Bolsonaro um evento temido em todo mundo, até mesmo dentro de antigos apoiadores.
Bolsonaro não promoveu as mudanças prometidas, induziu o país ao caos, com elevadas taxas de inflação, desemprego, redução de orçamento em serviços públicos... sem contar com os mais de 600 mil mortos devido a pandemia e aos múltiplos escândalos no qual sua família se viu envolvida e que foram rapidamente sufocados após a aprovação de decretos presidenciais de sigilo de 100 anos.
O “mito” para alguns brasileiros, de fato tem se mostrado comprovadamente um mitômano, que alastrou o país aos piores índices sociais desde que se tem registro...
E assim reconhecemos, conforme Umberto Eco, alguns dos signos do fascismo no Brasil:
- Patriotismo performático: Dizer que ama o Brasil mas ser a favor da venda de todo o patrimônio nacional.
- Inexistência de culto as tradições: O tratamento destinado aos povos indígenas e as religiões de matrizes africanas.
- Conservadorismo: e a negação da evolução social e marginalização de grupos e seus direitos, como a população LGBT.
- Irracionalismo como virtude: O negacionismo e o terraplanismo.
- Xenofobia seletivo: O europeu e americano o “Ário” é bom... o resto é ruim...
- Mobilização das classes médias: defender os espaços diante dos avanços da classes mais baixas, aeroportos, viagens internacionais, universidades de padrão só para aqueles que podem: meritocracia.
- Liberalismo desmedido: aquele que tenha e que pode trabalhar que pague ao resto nada.
- O povo é o inimigo: São os responsáveis da situação do país e de sua própria miséria.
Os mais de 100 imóveis negociados pelo presidente e seu círculo mais próximo, sendo 51 deles comprado em dinheiro vivo, dividiu ainda mais a população que passou de ser o maior grupo de turistas em Miami, a comprar soro lácteo em lugar de leite devido à alta dos preços...
E no Brasil, em uma reinterpretação do ditado... “nas eleições e na guerra, vale tudo” ... Bolsonaro em segundo lugar nas intenções de voto, já deu diferentes versões sobre o que aconteceria caso não fosse o ganhador...
Em seu contra, além dos resultados econômicos pífios, mortes na pandemia e aumento concentração de renda e da desigualdade, devemos somar a liberalização do ex-presidente Lula, após a comprovada conduta e ação política do então juiz Sérgio Moro, que foi flagrado em áudios onde articulava as investigações da Lava Jato em contra de Lula com o mero objetivo de incriminar ao ex-presidente e afastar ele das eleições de 2018, onde segundo as pesquisas liderava as intenções de voto.
O temperamento, agressivo-passivo da população brasileira é o que está em jogo diante de tão disputado cenário, instabilidade e divisão social... o que divide as opiniões de especialistas sobre o futuro do Brasil, mas que como nunca, mantém o país no olho do furacão sendo observados por toda a comunidade internacional.

Wesley Sá Teles Guerra – Coordenador OGALUS
Residente em Ourense (Galicia), Membro associado do IGADI – Instituto Galego da Análise e Documentação Internacional, Coordenador do OGALUS – Observatório Galego da Lusofonia. PHd Candidate em Sociologia e Mudanças da Sociedade Contemporânea, Mestre em Políticas Sociais e Migrações, Mestre em Gestão e planejamento de Cidades Inteligentes, Especialista Pós-Graduado em Relações Internacionais e Ciências Políticas. Professor de Paradiplomacia na ENFRI-Escola Nacional de Formação em Relações Internacionais, autor do livro Cadernos de Paradiplomacia, Paradiplomacy Reviews e do estudo Brasil Galicia. Fundador do Think tank CERES – Centro de Estudos das Relações Internacionais do Brasil.
Bibliografia:
TSE Brasil - https://www.tse.jus.br/