No mês de Janeiro de 2024, uma das obras mais famosas do mundo - quiçá a referencial quando se dialoga sobre as produções célebres mundiais - foi alvo de mais um exercício de depreciação no famigerado Museu do Louvre, na cidade de Paris. O renomado quadro foi alvejado pelas sopas de duas mulheres que jogaram o líquido no vidro blindado, logo após o ocorrido, se posicionaram com relação à comidas saudáveis e sustentabilidade no processo de produção das mesmas. Com um cunho de “mobilização social”, as mesmas foram gravadas num breve discurso e o vídeo foi disseminado pelas redes sociais. Uma operação de limpeza foi iniciada quando as responsáveis foram removidas da localidade.
Esse ocorrido não é uma novidade no segmento, considerando que a mesmíssima obra de Leonardo da Vinci foi alvo de um bolo em meados do ano de 2022, como audácia de um homem disfarçado com uma peruca e em cadeira de rodas, sendo designado para os auxílios psicológicos logo após a ocorrência. O segundo caso mencionado recebeu mais enfoque, pois inaugurou uma onda de incursões às renomadas obras de consagrados museus espalhados pelo globo. Todavia, a primeira ocorrência elencada foi apenas dada como usual e sequencial para o campo de populares mobilizações que usam celebradas obras como palco para suas reivindicações sociais, com apelo e o uso das mídias sociais.
Há quem diga que esses ocorridos foram excepcionais para que esse mercado possua alguma responsabilização pelos problemas sociais que ocorrem no século, “acordando” e vivenciando as realidades sem que permaneçam num passado de adoração às obras que perderam a sensibilização sobre aquilo que urge validado enfoque para alguma solução. As personalidades envolvidas usufruem do mesmo palco que inaugurou “Turismo Global” para que dessa forma se inaugure uma “responsabilidade social” para essas demandas, quase que como uma inversão de vieses, acoplando a fama do local, com o número das pessoas que ali circulam, condicionando cenário propício para que vozes sejam ouvidas.
Porém, no lado da oposição, as pessoas duvidam sobre a real eficácia dessa mobilização, que inclusive, nesse recém exercício não auferiu o ibope desejado. Os discursos que se opõem elencam que o espaço alcança um segmento que não dispõe de vínculo nenhum com as causas ali defendidas e, que mesmo se possuísse, não pressupõe que os danos às obras sejam incumbência saudável para que responsabilidades sejam reavaliadas. E de acordo com os mesmos há opiniões de que ali não seria o horário adequado e nem o local, na consideração de que o “choque” desejado apenas concede enfoque e fama para as obras e não para os pedidos realizados e que concede sensibilização apenas ao ramo.
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O que independe do viés ou finalidade do ocorrido é que a localidade e obra não deixam de serem vislumbradas como próprias ao que se enxerga como o “patrimônio cultural da humanidade”, que compõem-se das produções com diversificadas linguagens artísticas, como nas inúmeras obras que decorrem das expressões de cunho social e manifestações de culturalidades que confeccionam o que se compreende das “jornadas dos indivíduos” e em suas épocas, discorrendo sobre características identitárias da sociedade, unindo laços do passado para com permanência no hodierno sob reverberação para com o que virá… E como heranças de produções, o cuidado para com a preservação da memória é crucial.
Logo, é de consciência universal que da mesma forma que os empreendimentos para real conservação das obras são considerados como plena veneração e salvaguardo para que vindouras gerações logo conheçam e/ou assim corroborem com as permanências dessas produções confeccionadas e apreciadas, do mesmo modo as incursões presenciadas são enxergadas como o episódio de covardia e pânico à memória da sociedade global. E dúvidas são reverberadas: demandas hodiernas explicam e amparam ações de anulação para o alcance de visibilidade ou apenas reforçam que no meio público não se enxergam espaços viáveis para que populações sejam ouvidas e as dignidades básicas priorizadas?
E quando o ocorrido assume o palco objetivado, sendo alvo de discussões ou repúdios da opinião pública com as redes sociais ou mídia convencional, a nomeação de Vandalismo é condicionada aos exercícios de depreciação das obras renomadas, pobre de eficazes análises sobre as ocorrências e o que o cenário sugere no campo real, das ideias, assim como sua aplicabilidade social. Com um breve retrospecto histórico, é sabido que o que se compreende como Vandalismos, advém da derivação de um povo conhecido como os vândalos, de origem germânica e cuja invasão ao Império romano corroborou para que o mesmo caísse. Após, dispõe de definição às incursões às obras que elencam “memórias”.
No campo dos significados hodiernos, a nomeação é aplicada de um modo pejorativo, no que concerne à identificação de indivíduos e/ou grupos que se posicionam como oposição para com as edificações públicas ou privadas. Todavia, a priori foi vislumbrado no decurso da jornada da humanidade que mobilizações sociais, na figura/personificação de Ativistas já recorriam ao uso dessas incursões para anulação e/ou demolição do patrimônio cultural como uma maneira enviesada de manifestações políticas e sociais, auferindo visibilidade com publicidade para seus ofícios, posicionando-se como o enfoque para o salvaguardo de demandas ou mesmo emissão e disseminação de discursos de objeção, divergências.
Há quem pondere que como um bem público advindo do ideal de memória confeccionada como e para a sociedade, essas obras produzidas e exibidas dispõem de um uso social que logo é passível de aplicação comum, sendo possível que seja palco de reivindicações populares, com famigerada noção de que o “socializado é empregado para socialização”.
Porém, essa condição não é lembrada de que mesmo que as produções sejam de posse mundial como “patrimônios culturais” do mesmo modo são posse de algo e/ou alguém em específico, com uma discussão profunda sobre o que é vislumbrado como pessoal e/ou no senso de comunidade e, se esses exercícios explicam a anulação da ideia individual.
Agora, como divergência, há personalidades que veem o ocorrido como um processo de liberdade para mobilizações sociais padronizadas com incursões nas ruas ou mesmo nas mídias sociais (passível da discussão das consequências de um mundo globalizado), que no cenário hodierno ocupam as mais diversas localidades para que específicas demandas disponham de enfoque mundial, se aprimorando da reverência à obras a fim de que o que mais necessário seja reverenciado, passível de uma provocação sobre o como e onde as dignidades são proporcionadas: à um quadro longevo ou à seres humanos vivos, que de algum modo carecem de amparo e dos recursos empregados para vivência da memória?
Todavia, cabe as dúvidas se o choque proporcionado na anulação e/ou incursões à essas obras exibidas, como o caso da célebre Mona Lisa, na realidade reverberam como capaz de mobilização dos responsáveis (nas ocorrências, grandes corporações ou mesmo seus Estados Nacionais), ou se esses exercícios apenas são compilados nessa confecção de memória social como algo que ocorreu com viés de depreciação e mobilizou uma opinião pública condicionada à mobilizações sociais convencionais nas avenidas e/ou nos meios de comunicação padronizados que alcançam pouca ou nula veemência. Tópico esse que merece enfoque quando se elenca quais os eficazes meios para designação de urgência.
E quando há observações sobre esse ocorrido, defensores elencam que o mesmo quadro célebre não seria apreciado se a humanidade perecesse com inúmeras inseguranças no que concerne à comida ou o salvaguardo das suas dignidades básicas. Porém, a dúvida que se elenca cerceia o preço pago e os períodos negligenciados para que se chegasse ao meio de anulação do público como veículo de reverberação social; quais esses valores defendidos e/ou perpassados na sociedade hodierna? As encenações mobilizam opiniões públicas ou apenas reforçam permanências das configurações de dominâncias validadas no modelo econômico que condecora mais desigualdades? Enfim, o quadro já foi exibido.
Aline Batista, Analista Internacional de formação, possui bacharelado concluído no curso de Relações Internacionais, com ocupações no campo acadêmico-científico, pela qual exerce ofícios paralelos como pesquisadora, publicando suas produções. Trabalha como Professora do Ensino Básico, com o exercício das Formações Pedagógicas, duas Licenças Plenas, em Geografia e História. É pós-graduada com Especializações em “Ciência Política” e “Filosofia e Teoria Social”, além de um Master Of Business Administration em “Gestão de Projetos Educacionais”. Crê em uma; Educação para Transformação e o Impacto Social.
FONTES CONSULTADAS I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OESTE, R. Ataques a obras de arte são uma forma de repúdio à civilização humana. Disponível em: <https://revistaoeste.com/mundo/ataques-a-obras-de-arte-sao-uma-forma- de-repudio-a-civilizacao-humana/>. Acesso em: 13 fev. 2024.
FORBES. Mona Lisa sai ilesa, mas suja de bolo em ataque no Louvre. Disponível em:<https://forbes.com.br/forbeslife/2022/05/mona-lisa-saiu-ilesa-mas-manchada-de-bolo-em-protesto-climatico/>. Acesso em: 13 fev. 2024.
FERNANDES, V. Pintura Mona Lisa é atacada com sopa em Paris. Disponível em: <https://forbes.com.br/forbeslife/2024/01/pintura-mona-lisa-e-atacada-com-sopa-em-paris/>. Acesso em: 13 fev. 2024.
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