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Relação entre Armênia e Azerbaijão – Parte 3

 União Soviética

Em 1922 Armênia, Azerbaijão e Geórgia foram combinados para formar a República Socialista Federativa Soviética Transcaucasiana (ou RSFS Transcaucasiana). Essa nova entidade federativa durou até 1936 quando foi dissolvida e seus três membros ganharam status de república.

Armênia Soviética

Durante o governo de Josef Stalin, houve grandes mudanças econômicas e sociais no país por causa das políticas implementadas por Moscou. Artistas e intelectuais armênios expatriados foram convidados para voltar ao país, criando um ambiente de segurança para o florescimento cultural. Por um período de 25 anos, a industrialização e o sistema educacional seguiram a estrita cartilha comunista.

A radical reestruturação econômica e política soviética promovida por Stalin utilizou-se grandemente da força policial para manter o poder no Partido Comunista da Armênia sobre a população, reprimindo todas as formas de nacionalismo.

No campo econômico houve um grande aumento da taxa de alfabetização, além do desenvolvimento dos sistemas de comunicação, infraestrutura e industrialização. Isso promoveu a mobilidade social, ao tornar os camponeses em trabalhadores industriais.

Com a morte de Stalin, houve um aumento da autonomia das repúblicas soviéticas, crescendo o poder da elite dos partidos comunistas locais nos anos 50 e 60. Com isso, houve aumento da tolerância estatal ao nacionalismo moderado, inclusive com a construção de estátuas de heróis armênios históricos.

Apesar das mudanças sociais que vinham ocorrendo no país, como a urbanização da população (nos anos 80, somente um terço dos armênios morava no campo), durante todo esse tempo não houve mudança significativa na elite política do país. Como consequência disso, a corrupção e o favoritismo eram comuns, além de existir uma economia paralela baseada no mercado negro e na propina (algo comum nas repúblicas soviéticas mais distantes de Moscou).

Por volta de 1988, houve um renascimento do nacionalismo armênio, estimulado por três fatores: os severos problemas ecológicos resultantes da industrialização e urbanização do país (como a dependência da energia atômica), a crescente irritação da população com a corrupção e arrogância da elite comunista, vista como uma classe privilegiada, e, por fim, a situação dos armênios na região de Nagorno-Karabakh (que será pormenorizada na parte 4 do texto).

Todos estes fatores foram determinantes na independência do país da URSS em 1991, votado em um referendo com 99% de aprovação, após divergências entre os políticos armênios liderados por Ter-Petrosian (que viria ser o primeiro presidente do país) e Gorbachev.

Azerbaijão Soviética

Com a invasão do Exército Vermelho ao país no início dos anos 20, o país foi anexado a RSFS Transcaucasiana, junto com seus vizinhos Geórgia e Armênia. Durante esse período, com os soviéticos controlando a região de Nakhchivan, e em 1921 um referendo confirmou que a população do enclave queria fazer parte do Azerbaijão. Com apoio da Turquia foi firmado o Tratado de Moscou (ou tratado a Irmandade) que confirmou a decisão e estabeleceu as relações entre Turquia e Rússia, e o Tratado de Kars, assinado também pelos três países do Cáucaso ratificando a decisão. Em 1924 Nakhchivan ganhou o status de república autônoma, apesar da oposição, do Azerbaijão, status que ainda é mantido até hoje.

Durante o período stalinista, o país sofreu com a coletivização forçada dos meios de produção, porém também houve um grande desenvolvimento industrial e de alfabetização, colocando o país muito a frente dos países muçulmanos do Oriente Médio.

Nos anos 30, a existência de uma maioria azeri no norte do Irã gerou políticas repressoras por parte do governo de Moscou. Azeris que também tinham passaporte iraniano foram expulsos da região, e durante a Segunda Grande Guerra as tropas soviéticas invadiram a região norte do país e declararam a região autônoma sob o Governo Autônomo do Azerbaijão. Em 1946 o Ocidente forçou a URSS a sair do Irã e como consequência o governo iraniano começou uma dura repressão à cultura azeri. Com isso o contato entre a população dos dois lados da fronteira ficou extremamente controlados até os anos 80.

Politicamente o que ocorreu no país após a morte de Stalin, foi muito parecido com o que ocorreu em seus vizinhos. A elite do partido comunista local tomou controle do Estado e controlou o país através de governadores corruptos que eram eventualmente retirados do poder, quando algum novo líder soviético subisse ao poder em Moscou.

O país sofreu um grande impacto com as políticas de autonomização durante o governo “liberal” de Gorbachev no final dos anos 80. Em 1989 foi a primeira república soviética a aprovar uma resolução de soberania frente a URSS e finalmente vindo a conseguir sua independência em 1991.

Referência Bibliográfica:

CURTIS, Glenn E. (Glenn Eldon) – Library of Congress. Federal Research Division, 1995, Whasington, DC, EUA.

Foto: D. Moor – wikicommons

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