Na última semana de outubro, a cidade de Maputo, capital de Moçambique, foi cenário de um movimento de protesto de ampla adesão popular. Esta mobilização foi organizada por cidadãos insatisfeitos com os resultados das eleições autárquicas, o que classificam como "fraude eleitoral" por parte das autoridades do país.
Foto: Vasco Novela
É importante frisar que a esta manifestação não foi fruto da polarização política como o habitual. Desta vez, a polarização política não se transformou em polarização social. São munícipes a contestar os resultados das eleições.
Foto: Vasco Novela
As sextas eleições autárquicas moçambicanas foram realizadas em 15 de outubro de 2023, e os resultados foram divulgados em 26 de outubro de 2023. O presidente da Comissão Nacional de Eleições, Carlos Matsinhe, anunciou a vitória do partido incumbente. Entretanto, muitos munícipes descredibilizam os resultados e contestam a legitimidade do pleito, alegando diversas irregularidades, como o uso de recursos do Estado para favorecer o candidato, a supressão do direito de voto de milhares de cidadãos e a falta de transparência no processo eleitoral.
Video: Tensões em Moçambique por Vasco Novela.
Em resposta a essas alegações, em 27 de outubro, foi organizada uma manifestação nas ruas de Maputo, liderada por estes mesmos cidadãos, que exigiam a recontagem dos votos e a revisão completa do processo eleitoral. A mobilização contou com a presença de milhares de pessoas que caminharam pelas principais ruas da cidade. No entanto, essa manifestação não ocorreu sem incidentes, tendo ocorrido a morte de pelo menos duas pessoas e alguns feridos.
A manifestação ocorreu com incidentes que levaram a morte de pelo menos duas pessoas e alguns feridos. Essa manifestação evidencia o descontentamento e a insatisfação de parte da população moçambicana relativamente ao sistema político vigente e a forma como ele é conduzido. O episódio também coloca em pauta a necessidade de se fortalecerem os mecanismos democráticos de fiscalização e controle eleitoral, garantindo assim a confiabilidade e a transparência dos processos eleitorais no país.
Face a este cenário, a Comunidade Internacinal, exorta as partes envolvidas a buscar soluções pacíficas, baseadas no diálogo e no respeito mútuo. Isso inclui a garantia da liberdade de expressão, da imprensa livre e de todas as formas de participação popular, como manifestações pacíficas e eleições livres e justas, a fim de garantir um desfecho satisfatório.
Vasco Novela, é formado em Ciência Política pela Universidade Eduardo Mondlane. Natural de Moçambique e residente na província de Maputo. Coordenador de comunicação da Youth Sounding Board da União Europeia em Moçambique, Membro da Juventude Unida dos Países da Língua Portuguesa, Pesquisador do Centro de Estudos de Relações internacionais- CERES, JUPLP, consultor e pesquisador.
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