top of page
  • Foto do escritorCERES

SUCINTA EXPLORAÇÃO CONCEITUAL SOBRE A IDENTIDADE - FLUIDEZ IDENTITÁRIA OU LIQUIDEZ EXISTENCIAL NA CONTEMPORANEIDADE? Parte II.

Como uma confecção social, não há concessão de unidade e generalidade para a ideia de origem e formação de uma Identidade, com especificidade no cenário hodierno, como o enredo de um processo em recorrência, que segue edificações e recomposições de um modo que não cessa. Inclusive Bauman, sociólogo e filósofo polonês, de maneira eficaz corroborou para um vislumbre da sociedade na contemporaneidade, discursando que as confecções identitárias são passíveis das modificações da modernidade, sob conexões. 


A sua idealização elenca que na hodiernidade, o que é moderno ocasiona fluidez global, na qual as Identidades são anuladas com facilidade, isso de acordo com o que menciona uma Modernidade Líquida. E é nessa condição do moderno que a Globalização se origina como um fenômeno, acompanhando um processo no qual há maiores possibilidades para comunicação/conexões de indivíduos que empreendem convivências globais, de maneira com que se proporcione impacto minucioso/profundo sobre culturalidade na Identidade. 


Todavia, noções de expansão global que prevê hábil disseminação, divisão, além de fácil aquisição de informações e aprendizagens não propõe que as ingerências ou influências delas na origem e confecção da Identidade as condicionem para que se combine como uma só, proporcionando uma “unicidade identitária”, formulando modelos homogêneos na noção global de propriedades. Ao invés disso, observa-se a priori, uma exclusão de seres humanos nessa famigerada “conexão/unicidade de informação”, com acesso complexado.

 

Em segundo caso, enxerga-se que a ingerência e/ou influência da globalização no que se elenca a confecção da Identidade, pressupõe uma subdivisão, com individualidades ainda mais fragmentadas (Vide ideações advindas de Milton Santos), com plena expressão das especificidades econômicas, nacionais e étnicas, porque o que foi calculado como o algo comum às pessoas de uma maneira generalizada, não condiz com a realidade dos países e/ou nações sob origens e formações diferenciadas, peculiares expressões de cidadania. 


Logo, é compreensível que a noção de Identidade faça conexão com o espaço, localidade com que o indivíduo ocupa e se enxerga com residência nacional e com expressão para o globo, recordando da recorrência das camadas identitárias já visíveis com influẽncia dos cenários e das diversidades que o cercam. E inclusive, esse mesmo mundo elencado é o

próprio palco das corroborações sociais que dispõe de domicílio para os agentes sociais, com reflexos na sua posição, maneiras com que enxerga a si mesmo e aos seus demais. 


Compreende-se que essa ideia de mundo globalizado prevê uma comunicabilidade, essa já vislumbrada como uma demanda correlacionada às subsistências dos seres humanos, na qual sem a mesma, o indivíduo enxerga-se isolado e excluído do corpo social, sem um processo de conexão ou vínculo à sistemática que nomeia redes no que ampara funções de sociedade. Porém, aquém da necessidade de comunicação, visualiza-se o uso desse recurso como passível de dualidade, com usos benéficos ou planeados para “seduções”. 


Uma sedução que comunica, advindo de um ideal auferido na sociedade do consumo, necessidades que os indivíduos nem ao menos compreendiam como suas, passíveis das suas originárias identidades, o que os impulsionam ao desejo do novo, confeccionando as imagens recém disseminadas, símbolos e signos conforme um vicioso círculo que seduz, prende e ganha ao consumismo desenfreado. Logo, sob influências de demandas afins, as peculiaridades identitárias alcançam variações, modificando-se para cada designação. 


Vê-se que a necessidade para afirmação das Identidades é passível de influência do grau econômico do processo de globalização. Pois, quando a mesma pressupõe que haja uma condição de desinstitucionalização e desterritorialização, cabe um mobilizações que logo direcionam o indivíduo a um mundo sem barreiras e especificações territorializadas. Mas é sabido que a ausência delas, implica na minimização das referências, o que condiciona os agentes sociais de iguais aos demais à diferenciação real do geral, sob um paradoxo.

 

Isso na consideração de que uma localidade simboliza o senso de correspondência e sob um vínculo, num elo de Identificação que corrobora com bases estruturais da instituição, seja ela de cunho social e/ou político, da mesma forma quando se abrange culturalidades, na disseminação de convicções, ideais e fés. E é nesse meio que o indivíduo compreende que sua Identidade é condescender pelo anseio mercadológico, que designa a condição de que seja diferenciado. E vendem-se cultura de massas, e com os impulsos identitários. 


E valida-se aqui a procura pela compreensão sobre como as redes sociais, independendo do seu uso, influenciam na confecção ou modificação do processo Identitário e sobre as suas diferenciações, no que concerne ao gênero e/ou etnia/raça na hodiernidade. Pois já não mais se nega como as mídias enriquecem, cada vez mais, liberdades de expressão, na concessão de espaços propícios para comunicabilidade de indivíduos, da localidade ao global, em consonância à inúmeras e variadas camadas sociais, sob vínculo no online.


Isso porque, as mídias sociais, auferidas na complexidade de um globo que não dispõe de barreiras, compondo liberdade em suas camadas e sobre a possibilidade de que haja comunicação no processo de disseminação de informações na realidade, sem pausas ou demoras de comunicabilidade, as mesmas elencam o famigerado “poderio” de exposição e conexão das alegações e opiniões dos que a usam, adquirindo um cenário permissível para expansão de mundo e visões, impulsionando um bombardeio de variação identitária. 


Não nega-se o poderio de ingerência e influência das mídias sociais na comunicabilidade humana, levando em consideração que as mesmas divulgam ações e reações elencadas aos jornais, apelam como expressão da opinião pública, difundem cada uma das novas mobilizações de cunho social, discursando com oposições, numa busca, com recorrência, pelas novas identidades formadas e/ou passíveis de (re)modelação. Todavia, do mesmo modo dispõe de divergências, quando o impulso ao consumo modela intencionalidades. 


Nessa configuração, as mídias sociais banalizam discussões simbólicas e significativas, como valores ou princípios sociais, proporcionando uma nova Identidade divulgada como apuração de uma produção de personalidade desenhada como um impulso ao consumo, personificada na figura dos influenciadores (a). Esses que acumulam seguidores na qual se aglomeram na procura pela vivência plena, em falácias que se colocam no online para que especificidades identitárias sejam compradas, na vaga visão de uma homogeneidade. 


A percepção comprovada é a de que as mídias sociais, os recursos aplicáveis em rede corroboram no processo de confecção de Identidades aos agentes da sociedade no globo contemporâneo, dado que as mesmas são hábeis com relações e comunicabilidade, com concessão de espaços para que ideações e anseios disponha de exposição. E da mesma forma, esses locais no online impulsionam modificações e ideais, assim como relações ou vínculos, designando além de origens ou modelos, um enfoque para inúmeras diferenças. 


Agora, não inibe ou minimiza a recorrência de ações sociais de discriminação, essas que reproduzem nas diversas camadas da sociedade, a concepção de desconsideração com relação à diversidade, uma especificidade básica que corrobora com o senso de si de um indivíduo. E essa pressuposição de que cada pessoa precisa e demanda de similaridade, como seres idênticos para com os demais, os que não se encaixam com essa precisão de correspondência desejada são condicionados como “aquém”, os excluídos do meio social.

 

Uma noção de Identidade concebida na ideia de “homogeneização” corrobora para que se conceda à sociedade um viés de subdivisões que proporciona processos de segregação. Compreende-se que Identidades são relacionadas e dispõe de conexão para com plenos

simbolismos da Alteridade, essa que prevê de maneira básica que os seres humanos em uma sociedade, ajam e interajam de modo interdependente dos demais e, dessa forma, como se coloca, o “eu-individual” é validado com amparo no vínculo para com o social. 


A sociedade e/ou indivíduo que propõe um processo de hierarquização de Identidades é o agente que dispõe da primordial divergência que valida essa característica individual, no período em que se corrobora com uma pseudo hegemonia, posicionando uma Identidade em nível de superioridade às demais, o que produz em consequência, a exclusão e ainda a dissuasão de inúmeras singularidades. Um dos mais dolorosos planos para o exercício do poderio social, que designa exclusivismos e minimiza as expressões individualizadas. 


O pleno vislumbre da Identidade como uma concepção política simboliza a percepção de que as divergências históricas e hodiernas acompanham não só a ideia, mas cada uma das condições sociais que advém da origem e confecção da mesma. Inclusive, sabe-se que essas buscas pela homogeneização das Identidades são aplicáveis como recurso de guerra, quando os demais são visualizados como “inimigo” do ideal, uma ameaça que é minimizada com processos de segregação, o combo de inúmeras consequências, danos. 


O que independe da ânsia pela percepção de plena igualdade de especificidades e sob as caracterizações dos seres humanos, os agentes sociais são diferenciados dos demais da sociedade, mesmo que corroborem com a confecção de um conjunto humano, esse que faça uso de inúmeras semelhanças. inclusive, que viabilize igualdade de suas condições. A noção de diferenciação não simboliza um esquema de inferiorização ou mesmo para a desqualificação do indivíduo, agora em oposição, só valoriza as expressões humanas. 


Todavia, demanda-se que nesse viés, as condições de acessibilidade ao globo, isso no que concerne às possibilidades designadas aos poucos, sejam concedidas de um modo igual e sob equidade para cada um dos indivíduos. Uma ideação e ação que aniquilaria de vez essa vaga ideologia que preza pela “necessidade” de que pessoas seriam dadas como iguais às demais, pois, além do processo de reconfiguração de suas Identidades ao longo de suas vivências, o cenário na qual são criadas, inferem em escassez ou excesso. 


Em suma, é compreensível de que exige-se um esforço real para que a Identidade de um indivíduo não seja aliada à esforços advindos da globalização e planos capitalistas que proporcionam uma originalidade mascarada para que o agente social não se proponha na confecção de si mesmo e na elaboração de uma comunidade diversa para suas relações de vivências. E, da mesma forma, para que o diverso não seja excluído e massacrado nos ideais que o segregam e logo, o amaldiçoam no ostracismo chamado desigualdade social.



Aline Batista dos Santos Silva

Graduada em Relações Internacionais (Bacharelado) pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU (Com Bolsa 100% pelo Programa Universidade para Todos - PROUNI) | Pesquisadora Acadêmica no Programa de Iniciação Científica - PIVIC (2017; 2018; 2019 e 2020) | Monitora Acadêmica das Disciplinas de: "Finanças Internacionais" (2018.2); "Economia Brasileira Contemporânea" (2019.1); "Eventos e Extensão" (2019.2); "Geopolítica e Geoestratégia" (2020.1); "Fundamentos da Economia" (2020.1) | Analista Internacional | Educadora para a Transformação e o Impacto Social | Pesquisa Acadêmica | Gestão de Projetos e Negócios Sociais | 


● FONTES CONSULTADAS I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS = 

BAUMAN, Zygmunt. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. CASTELLS, Manuel. O Poder da Identidade. São Paulo: Paz e Terra, 2008. EDGAR, Andrew. Identidade. In: EDGAR, A. & SEDGWICK, P. (org) Teoria Cultural de A a Z. São Paulo: Contexto, 2003. 

GIDDENS, Anthony. As Consequências da Modernidade. São Paulo: UNESP, 1991. GIDDENS, Anthony. Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002. HALL, Stuart. A Identidade cultural na Pós-Modernidade. Rio de Janeiro: DP & A, 2006. TAYLOR, Charles. As fontes do self: a construção da identidade moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral. São Paulo: Edições Loio. 

SILVA, T. A Produção Social da Identidade e da Diferença In: Identidade e Diferença: A perspectiva dos Estudos Culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.

Comments


bottom of page