top of page
  • Foto do escritorCERES

A rememoração como performance em Minujín: de exemplares à ecos da opressão

Uma personalidade pioneira nas obras que sugerem performances, Marta Minujín nasceu no ano de 1943, na cidade de Buenos Aires, na Argentina, e é considerada pelo seu meio como uma “Obra Viva”. A priori pelas suas produções recheadas de análises ou reflexões, assim como mescla do pop da hodiernidade às suas considerações sobre “humanidade”.


Essa referência é um exemplo crucial quando se elenca a significância da “Memória” para a sociedade, mencionando sua colaboração que concedeu luz à democracia, na menção de um complexo e horrendo período experienciado pelo seu povo: Um regime ditatorial. Em sua obra, instituições oficiais do Estado foram criadas com o “Partenón de Libros.


Nessa performance, uma réplica baseada no original edifício grego foi confeccionada com armações constituída pelos livros auferidos. Com égide na Avenida 9 de Julio em Buenos Aires (Argentina) em meados de dezembro de 1983, a obra foi exibida como uma eficaz celebração do regresso à democracia pós conflagrações nacionais nos regimes vividos. E nessa obra, cerca de 20.000 bibliografias foram recolhidas com apoio de organizações ou de universidades que ampararam o processo para idealização e confecção. Um empenho que é definido como mobilização efêmera em progresso e sob colaboração, considerando que suas performances possuíam um fim já específico para desmobilização generalizada.


Essa derrubada após conclusão e exposição da obra previa concessão dos livros para o seu público. Todavia, é válido que esse fim não marcou a finalização dessa performance, na consideração de que a “Memória” faria seus discursos e reflexões reverberarem com o progresso esperado: rememorando pesares passados com visões de não regresso pelos anos vindouros. Essa saudação formada à democracia selecionou o Parthenon como uma óbvia intencionalidade, correlacionando uma célebre discussão popularizada e universal que da mesma maneira celebrou vieses democráticos pela sua mitologia. E quando fez-se constituído pelas obras bibliográficas, adquiriu significado com os veículos de informação.


Como recursos de culturalidade e sapiência, os livros foram colocados com mensagens de memória para o que desencadeou suas proibições, originando reflexões sobre como a censura dessas obras perdurou nesse Estado Nacional nos mesmos anos pela qual esse regime opressivo exerceu poderio e influência e, inclusive, é sabido que queima daqueles exemplares enxergados como “proibidos” foram um ofício desse vil governo que não só feriu inúmeros ideais mas assassinou indivíduos, negligenciando-os, os designando como  meros desaparecidos. Uma violação agressiva e pesarosa à dignidade humana em cada uma de suas demandas básicas, ferindo de seus direitos humanos à própria humanidade.


Como não houve uma perdurabilidade para a obra de Minujín, pois essa performance é o eficaz exemplo que difere obras efêmeras do “Tradicionalismo” envolvido nas exposições, da mesma forma é compreensível que o mesmo desejava um diálogo com as pessoas ali colaboradoras do edifício ou o público que experienciasse, não desenvolvendo nenhuma correlação com gerações próximas que advierem. Porém, quando se edifica algo que logo envolve memórias e feridas comuns, a memória de envolvidos ou de indivíduos do próprio Sistema Internacional que acompanharam é condicionada para que essa ideia se celebre e seja infincada quando se imagina o progresso de consciência exibido, com o novo viés.


Minujín equiparou o número de livros que compuseram o edifício aos desaparecidos que foram numerados pelas organizações de defesa aos direitos humanos. Logo, não única e exclusivamente como os exemplares, cada livro foi colocado como símbolo e signo social para uma concessão de sentido e ressignificados ao regime ditatorial de 1976-1983. Mas os números variam de designação, acompanhando da mesma maneira as obras proibidas pelo país, escondidos em porões: encarcerados. Nisso, aliando o poderio de modificação, reconfiguração e “Transformação” acoplado às palavras, cabe na sua performance (que logo foi repaginada em 2017 e exibindo as proibições globais), uma eficaz homenagem.


A ideação de Minujín na confecção de um edifício como réplica do simbólico ícone da polis grega que corresponde à “eficácia da democracia”, é configurada como símbolo de posse da mesma no cenário nacional, com especificidade para os ocorridos no seu país. Ao invés de uma produção de viés convencional, com exibição ao público após conclusão da obra, é sabido que essa ideia dispôs de aplicabilidade com colaborações de pessoas comuns. E mesmo com um período específico que designava sua derrubada, a sociedade aquiesceu com a ideia de visualização em uma época específica que sugeriria derrubada. E no mês de dezembro de 1983, foram os próprios apreciadores que removeram os livros. 


Em cálculo básico realizado, sabe-se que mais ou menos 12.000 volumes foram doados ao público que vislumbrou a derrubada do edifício, ao mesmo que cerca de 8.000 foram designados aos locais públicos como bibliotecas/livrarias. Como ambição de Minujín, essa ação foi idealizada para que a obra regressasse aos indivíduos, como havia mencionado à curadoria da exposição. A significância que essa idealização concedeu às pessoas que presenciaram o ocorrido no país e, mesmo aos que souberam com as propagações pelo globo é de crucial simbolismo para que o cenário de censura seja ponderado, na reflexão de suas consequências, reverberações sociais, com impacto visível aos direitos basilares.


  • Transgressão rememorada: dos livros banidos ao combo de dignidades rompidas

Em definição, os Direitos Humanos constituem o compilado de normas que salvaguardam e reconhecem a dignidade dos seres humanos. Essas proposições regulam o modo que os indivíduos convivem em sociedade, assim como seu vínculo/relações com o Estado Nacional (o país), derivando das obrigações com que o mesmo dispõe para com eles. A lei mencionada posiciona os governos para que operacionalizam ações e impedem com que ofícios opressores ocorram, Todavia, cidadãos possuem responsabilidades, advindas da priorização/valorização dos demais, dessa forma, nenhuma governabilidade, grupo ou entidades possuem vazão para ferirem e/ou violarem dignidades das demais pessoas.


Como propriedade, os Direitos Humanos fazem-se universais e inalienáveis. Logo, cada uma das pessoas do globo possuem direito aos mesmos, não cabendo o ofício voluntário para que se desista dessa prerrogativa, eximindo de si ou dos demais. E desse modo há real compreensão de sua indivisibilidade, pois de maneira à independerem da condição econômica, política, cultural, social ou civil, caberá inerência para a dignidade da pessoa humana e, como consequência, os valores auferidos são os mesmos para cada um, não dispondo de nenhuma diferenciação, impulso para subordinações de um à outrem ou com impasse de hierarquias para o alcance do mínimo, como mesmo a própria sobrevivência.


Como censura, compreende-se a “análise rigorosa” na qual específicas produções/obras são colocadas, sendo avaliadas com viéses morais ou sob anseios políticos, a fim de que sejam consideradas em conveniência de liberação ao público no geral, cerceando as reais inclinações, passagens ou subliminaridades que sugiram oposição ao que se pregue com rigorosidade e exclusividade. A mesma foi um dos recursos poderosíssimos aplicados às nações que presenciaram a ascensão de regimes militares, Autoritários/Totalitários, essas que se viram caladas se na personificação de oposições à essas governanças em poderio que exerciam dominância perversa, impedindo divulgação de mensagens e informações.


E com percepções sobre o recurso aplicado, colocado à prova no Sistema Internacional, é sabido que de acordo com as ocorrências de censura e/ou repressão no globo, no cenário hodierno, as explanações e anseios para uso do mesmo não é uma novidade social. Pois é visível que há mais de um século indivíduos ou conglomerados políticos condicionam os civis e/ou militares, inclusive com salvaguardo jurídico de “legislações”, para que impeçam disseminações informacionais ou com os meios hábeis que exponham específicas obras culturais/artísticas, essas que de alguma maneira subjugam ou se opõem aos valores de segregação/exclusão apregoados pelas governabilidades, prejudicando suas ambições.


Todavia, da mesma forma é compreensível que mesmo que as condições, especificidades sobre quais são as obras ou ideais que serão passíveis de censura, há variações sobre o que sugere o seu período, localidade e as ambições dos que usufruem e empregam esse recurso. E inclusive, é real que as explicações dadas para o uso dessa “Arma” dessa se vale de noções universais que auferem algum espaço na opinião pública no que concerne à diversificação ou modificação das ingerências. Embora haja locais na qual se enxergue dano à moralidade com esse ideal, há cada vez mais ofícios de mobilização do público para que o cenário se modifique, na defesa de valores comuns e propagados pelo globo.


No decurso dos séculos, nas relações humanas vislumbrou-se as defesas de dogmas de cunho religioso, como em significância para a reverberação de censuras nos Estados que disponham origens ocidentais, porém, é visual as modificações de governança e mesmo de governabilidade evidenciadas quando as mobilizações sociais e os desejos advindos das religiões se opõem, divergindo. Hoje é percebida uma predominância de valores com aplicabilidade universal, dados como comuns aos seres humanos e, com reverberação na consolidação dos próprios direitos básicos redigidos e salvaguardados pelos organismos originados do Sistema Internacional e os países que defendem sua eficaz sobreposição.


Porém, demanda-se um cuidado necessário sobre como as nações podem e/ou mesmo se apropriam do ideal de priorização de “Temas comuns” usando-as como justificativas às ações que as firam, inclusive. E como exemplo, as localidades nas quais indivíduos são “vigiados e logo padecem de repressão quando se mobilizam em oposição à governos” e recebem explicação de que a ação de repúdio seria advinda da prioridade da segurança nacional. Logo, conflagrações nessa medida são originadas da ausência de coerência no que concerne ao recurso da censura, pois não dispõe de processos jurídicos e/ou legais especificados, impulsionando reflexões sobre ocorrências que emergem na hodiernidade.


O que não é permissível é a invalidada ordem que pressupõe que grupos específicos e/ou lideranças no exercício do poderio e influência impeça discordâncias de oposições válidas com ideais nobres e universais, negligenciando-os, mas na dissimulação de um verídico anseio de apagamento de vozes, calando as opiniões que divergem dos proferidos ideais, do modo a impedirem objeções que inaugurem feridas aos seus desejos individualizados. E independendo de como são emanadas as explicações para essas ações de censura ou de repressão, é sabido que maduras reações (sob consciência de papéis) nessa condição são movidas pelo diálogo, na livre expressão de ambas posições no ofício da democracia.


Na hodiernidade, os meios de exercício da censura são “velados”, não credibilizados ou plurais sendo, inúmeras vezes específicos a fim de impedirem a sociedade informacional de se empossarem de uma plena consciência das conflagrações nais quais é envolvida, na exclusão de suas prerrogativas de oposição à opiniões e ideias, agindo com eficazes mobilizações na procura pelas soluções cabíveis para modificação de suas realidades, no viés de priorização aos seus direitos basilares como seres humanos. Pois na famigerada explicação de “validação da integridade nacional”, há possibilidades de que ordens sejam corrompidas e diferenciações opinativos cerceadas indiretamente, sob vieses escusos…


Embora sejam verificados no globo, agressões e impugnações em recorrência à liberdade de expressão e de livres escolha de convicção (claro que com ponderação ao que define o bem comum), inclusive como ao que se consome, no caso dos próprios livros, há sim o cenário de resignação e força em oposição à repressão e censura, vislumbrada nas locais comunidades que se aglomeram no salvaguardo de suas obras pessoais, de livrarias e/ou bibliotecas no espaço público, sejam essas aglomerações originárias pelos profissionais do segmento, de organizações ligadas à causa ou de personalidades que se veem feridas pelas ações de Autoritarismo/Totalitarismo, isso reagindo com conflagrações incansáveis.


Faz-se crucial que em uma sociedade haja a reverberação de imprensas livres (cenário off e online), que não dependam de governos e/ou governabilidades, mas que usufruam dos pilares exercidos pela democracia, na conglomeração de demandas comuns para que se informe e mobilize, propiciando a confecção de vínculos com camadas sociais, na ação de que repressões e censuras não sejam recursos passíveis de uso pelo Estado, na visão de que essa execução não apenas fere, mas rompe com a unicidade dos indivíduos nos seus grupos, propiciando senso de desconfiança, fidelidade à um ideal e/ou organização, separando comunidades na criação de lados que se opõem e com isso, jamais dialogam.


Uma das mobilizações que exemplificam o poderio exercido pela sociedade e/ou grupos que se opõem a esse exercício repressivo de censura, é a ocorrência vislumbrada logo no início da Segunda Grande Guerra Mundial. Nesse cenário, vislumbram-se duas ocasiões, uma inicial que menciona como comunidades são passíveis de “lavagens cerebrais” que as posicionam nos cárceres dos seus próprios direitos basilares, seguida da que elenca as personalidades feridas ou não, que impõem vozes na procura pelo salvaguardo do que possuem como prerrogativa inalienável, o próprio exemplo de como os indivíduos acabam dispondo de dubiedade nas suas próprias ações, sendo manipuláveis ou não na ocasião.


Com explicação aprofundada, no início do cenário da Segunda Grande Guerra Mundial, presenciou-se uma horrenda mobilização em Berlim, na Alemanha, para queima de livros designados como proibidos e com oposição aos mesmos ideais propagados pelo governo que desencadearam desumanidades ao que se propunha a democracia e cidadania, um simbólico exemplo sobre como esse recurso dispõe de um poderio e influência ideológica,  geracional. Porém, no mesmo período, países vizinhos e os espectadores dessa violência e repressão generalizada que mobilizou aglomerações nas universidades para realização dessas queimadas, visualizaram o ocorrido com aflição e sob os desprazeres inúmeros. 


Todavia, como mensagem emanada ao Sistema Internacional, os Estados Unidos da América no impulso do “mercado” para comercialização de obras e republicação dessas produções dadas como proibidas, viram nos soldados estadunidenses que padeciam de dificuldades nos campos da conflagração pelo ócio, uma possibilidade de disseminação dos livros como um recurso de guerra, priorizando uma preocupação nacional para com o repasse de ideológicas “maléficas” como a mencionada, que cerceava os princípios dados pela democracia e exercício da cidadania, além do ofício de publicização aos inimigos de que suas consciências não se viam manchadas pelas falácias dos perigos de um livro…


Uma obra excepcional que dialoga sobre esse período é o nomeado “quando os livros foram à guerra”, de Molly Manning, que impulsiona compreensões basilares sobre o que esse recurso significa para os seres humanos, sociedades e governanças, do modo pela qual encoraja uma imersão sobre como eles são colocados em campo quando se é logo iniciada uma Guerra das Ideias. O exemplo foi mencionado pois é o ganho massivo a fim de que se visualize os horrores reverberados pelas globais conflagrações hodiernas, mas da mesma forma para que se elenque com eficácia as provocações designadas aos que leem, configurando ideologias, encarcerando grupos e individualidades, ou as alforriando.


Esse é um dos livros que impulsiona reflexões sobre o significado dos demais, com a real especificidade para ocasiões de conflagração, local ou mundial, concedendo grau e nível de preocupação quando liberdades de expressão são cerceadas/reprimidas, assim como designando prioridade para que os livros sejam priorizados em inúmeras localidades, sem exceção, mas com eficácia no palco de uma guerra ideológica baseada no encargo/ofício de supressão dos valores comuns. Como os Aliados estadunidenses encabeçaram a paz lendo no ócio e disseminando uma ou mais obras publicadas, Minujín se mune do mesmo recurso quando expõe um edifício que denuncia censuras e acolhe o dado como proibido.


Os livros carregam consigo inúmeras funções sociais, capazes de impulsionarem quem os lê com desassossegos de viés ideológico, político e social, como se desdobram suas variáveis funcionalidades. E sob sua condição humanizadora, é compreensível que com cada uma das aplicabilidades que carrega seja uma prerrogativa concedida como direito humano básico que dispõem de seguridade para uso dos indivíduos em uma sociedade, usufruindo dos seus benefícios, acoplados na aquisição de saberes e/ou possibilidade de reflexões ocasionadas pela consciência do seu espaço de vivência. Ainda que de início a ideia de uma obra seja dada como simplória, há poderes de mobilizações nela envolvidos.


E seja no campo pessoal, com avaliações de si após um livro lido, ou mesmo na condição psicológica (essa dada na esfera do alívio de realidades com a dissimulação ficcional), há influências das bibliografias nos seres humanos, isso na especificidade do que concerne o social, como se enxerga os demais na sociedade, no exercício de funcionalidades quando em uma comunidade. Nisso, há mais uma vez, evidências do poderio das obras em uma confecção ou acréscimo de saberes individualizados ou comuns ao processo de evolução das pessoas. Algo que mesmo que “passe” despercebido, com alguns meros parágrafos lidos, alavancam sem prazos definidos alguma experiência com uma eficaz reverberação.


E dessa mesma forma, o que concede acessibilidade aos livros é associado como recurso vinculado e correlacionado ao salvaguardo da vida digna, confeccionando jornada viável à educação e liberdade, assumindo posse dos demais direitos basilares que concedem uma dignidade à pessoa humana em suas experiências e vivências sociais em comunidade. E nesse mesmo viés, é dado como um bem comum, o mesmo que corrobora e assegura o processo de sobrevivência valorosa e sob integridade espiritual nos meios de expressão dos seres, o que concede à esse mecanismo a visão de um direito humano que precede dúvidas e/ou considerações sobre sua significância para aprendizados e/ou subsistências.


Os livros não dispõem de uma periodicidade definida, ou seja, não há nenhum espaço ou período específico para eliminação dos seus ideais e expiração do que se pressupunha no seu processo de redação e confecção. Logo, as variadas percepções e considerações designadas à eles, compondo leituras/releituras e reverberando na disseminação de cada informação disponibilizada, corroborando para publicização à comunidade, é colaboração que emancipa e evolui de modo subjetivamente uma sociedade, mesmo que com longos prazos para eficácia. Em suma, o livro pressupõe plena valorização, no viés de um direito humano que urge priorização, como guardião da essência humana, com sua humanidade.


Apenas um livro, sem dependência de forma ou número de paginações, permanece como um recurso excepcional na formação e informação para um pleno exercício da cidadania, na medida em que proporciona com que os seres humanos sejam capazes de exercerem sua dignidade sob um viés de democracia e o desempenho dos seus papéis funcionais na sociedade na qual foram inseridos, sendo os mesmos os cidadãos e cidadãs capazes de lerem o seu próprio mundo sem dependências de que indivíduos ou grupos espećificos especifiquem de modo enviesado e moldem suas opiniões.  E quando se lê, essa mesma ação modifica de realidades à percepções individuais ou que perpassam o próprio meio.


Lendo… Um livro, legendas de um filme, percebendo as imagens dos quadrinhos que com as redações se dialogam, há dessa forma a confecção de um veículo que privilegia e empodera ações e reações em cada um dos indivíduos, de crianças, jovens à pessoas de meia idade, independendo de específicas condições, abordando ideias, ocorrências com diversidade de culturalidades, com reverberação de reflexões no que concerne o senso de identificação identitária, de opinião sobre si ou com real ponderação das sensações auferidas e dos saberes confeccionados, como hábil mecanismo para comunicabilidade e diálogo com meios de aprendizagem dos demais seres e suas peculiaridades essenciais. 


E o processo de humanização realizado com auxílio imprescindível de obras bibliográficas é indispensável, na consideração de que o mesmo opera funções cruciais para que seres sejam desenvolvidos como consonância da humanidade. Há impulso para imaginação, o que é essencial aos indivíduos; da mesma forma enxergam-se provocações que originam reflexões sobre valores e princípios pessoais, designado espaço para o exercício de como se pensa os demais (mesmo que na visão de meros personagens); nesse viés elenca-se a corroboração no acréscimo de vocabulário e capacidade de comunicabilidade consigo e com o mundo, propiciando modos de que aproprie de saberes produzidos pelos humanos.


O essencial à essa humanidade mencionada e que pressupõe salvaguardo é a liberdade de exercício do que concede diferenciação dos seres humanos às demais espécies: com especificidade na capacidade de produção de saberes, aprendizagem e disseminação do que se compila à famigerada culturalidade, realizada no ofício da criação do novo e, esse que dispõe de impulsos da imaginação. Em suma, compreendendo a eficácia dos livros e o seu imprescindível papel social, assim como um reconhecido direito humano, há que se compreenda e defenda o papel do Estado Nacional como a supridora dessa prerrogativa, não única e apenas concedendo esse benefício, mas impedindo sua censura e exclusão.


  • CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O que se propõe com essas reflexões cerceia a correção dos livros para com a confecção e permanência do que se compreende como “memória”, passível de reverberação quando disseminada sob um ideal. Inúmeros pesquisadores ou mesmo indivíduos que auferem os dizeres do senso comum informam que memórias são recursos a fim de que erroneidades do passado não sejam alvos de ações vindouras com recorrência no campo social. Logo, há uma eficaz preocupação sobre o que ocorreu nessas passagens, como os elencados erros seriam eliminados e quais seriam os locais nas quais as vítimas desse progresso ou regresso se enxergavam na ação de reconciliação das experiências com “esperançares”. 


Menciona-se que independendo do cenário, período ou personalidades envolvidas, logo que reflexões e análises são proibidas e reprimidas, na medida em que informações são censuradas, os indivíduos não só são influenciados mas obrigadas a recorrerem àquelas vivências sob proibição de recursos que evidenciem ideias (como os livros) e impulsionem criticidades (em suma, literaturas). Enxerga-se um perigo incomensurável na conexão aos livros, não para que os lê, mas para os que negam o pleno exercício da democracia com a funcionalidade de uma sociedade sob igualdade na qual os seres humanos exercendo a sua cidadania reconhecem suas prerrogativas e direitos basilares, e sabem defendê-los.


E reforça-se o significado e simbolismo dos livros como recurso social e ínfimo manancial para confecção e reverberação de memórias. Inclusive, como já mencionado não é uma mera ficção a noção de que livros foram proibidos na sociedade, sendo essa ocorrência o ficcional à uma realidade que os desenvolve, considerando que da proibição ao cárcere, os mesmos foram ainda incinerados, queimados pelos ideais que carregavam e/ou pelo grau de influência que emanavam nas comunidades. E dos vãs dogmas apregoados pela igreja na censura de obras e personalidades que os idealizaram no decurso dos séculos, as bibliografias foram perseguidas em governos Autoritários/Totalitários pela “subversão”.


A censura de obras bibliográficas, dos livros ou expressões de cunho cultural/artístico na mera consideração de que essas seriam subversivas aos regimes/governos vigorados na ocasião, auferem em plena consideração sobre real gravidade com que as ideias comuns ou acadêmicas propagadas são vislumbradas pelos que dominam ou almejam ímpares influências, sendo para eles danosas, mas para o social, dadas como desencarceradoras. Em suma, é sabido que essa proibição de que se expressem ideias e opiniões é péssima consequência de ações que promovem o esquecimento/apagamento de indivíduos, na invalidação de existências, criticidades. Pois o que promove reflexão, origina consciência

.

Em memória à ocorrência, é sabido que onde se queimam livros ou os encarceram pelas massivas proibições, da mesma maneira são desaparecidos indivíduos e se negligenciam e assassinam pessoas. Como reverberação do já mencionado, cada um dos períodos de Autoritarismo/Totalitarismo, com ênfase aos regimes ditatoriais elencados, são o “recheio” de represálias sucessivas e impulsos de violência com os civis. Na ocorrência referencial da Argentina, o poderio extremo empregado pelos militares foi absurdo, se é que há uma possibilidade de abuso aquém da própria configuração de uma governança militarizada. E no meio das infindáveis violações à dignidade, mais de 30 mil cidadãos foram eximidos. 


O que ocorre é que com o fim desse período e a reconfiguração de uma governabilidade com recursos da democracia, mesmo que os pedidos de condenação aos que violaram à humanidade e dignidade dos cidadãos foram priorizados e julgados, cada ação e barbárie no meio social não padece aos “esqueceres” ou senso comum… pois é sabido que para cada um dos países que vivenciaram esses regimes opressivos, as marcas são mais do que pesarosas, mas companhias sádicas dos vitimizados e familiares, como daqueles que presenciaram ocorrências e se calaram com medo da impunidade aos opressores ou das punições aos oprimidos. Pois se ousaram e queimaram livros, logo queimaram pessoas.



Aline Batista, Analista Internacional de formação, possui bacharelado concluído no curso de Relações Internacionais, com ocupações no campo acadêmico-científico, pela qual exerce ofícios paralelos como pesquisadora, publicando suas produções. Trabalha como Professora do Ensino Básico, com o exercício das Formações Pedagógicas, duas Licenças Plenas, em Geografia e História. É pós-graduada com Especializações em “Ciência Política” e “Filosofia e Teoria Social”, além de um Master Of Business Administration em “Gestão de Projetos Educacionais”. Crê em uma; Educação para Transformação e o Impacto Social.


  • FONTES CONSULTADAS I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALTHUSSER, Louis. Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. In: ZIZEK, Slavoj (Org.). Rio de Janeiro: Contraponto, 2007.

BAL-BLANC, P. Marta Minujín. In: SZYMCZYK, A.; LATIMER, Q. (eds.). The documenta 14: Daybook. Munich: Prestel Verlag, 2017. p. 17 June.

COSTA, Lúcia de Fátima Vieira; GERMANO, José Willington. Conhecimento proibido: a interdição da leitura em regimes políticos. Revista Inter-legere, Natal, n. 11.  jul./dez. 2012.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.

MANNING, Molly Guptill. Quando os livros foram à guerra: As histórias que ajudaram os aliados a vencer. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2015.

NOVINSKY, Anita. Os regimes totalitários e a censura. In: CARNEIRO, Maria Tucci (Org.). Minorias Silenciadas. São Paulo: Imprensa Oficial, 2002.

bottom of page