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Os jovens como fator de coesão social na Lusofonia

Atualizado: 26 de set. de 2023

A coesão social é a força que faz com que um grupo social esteja unido e operacional de forma constante dentro de uma sociedade. Para isso é essencial criar uma identidade ou fatores identitários comuns e reproduzi-los, tendo em conta também os valores que os podem caracterizar.

A coesão social pode entender-se através de diferentes teorias sociológicas tendo autores destacados neste assunto, como Émile Durkheim. No seu livro, “Da Divisão do Trabalho Social”, publicado em 1983. O que diferencia a sociedade moderna das tradicionais, de acordo com Durkheim, é uma mudança fundamental no modo da coesão social. O advento da industrialização fez com que evoluísse uma nova forma de solidariedade. (THORPE et al, 2016, p.36).


Assim, podemos concluir que a coesão social baseia-se no fortalecimento da solidariedade entre os indivíduos e/ou grupos de uma sociedade já que existe uma colaboração entre as diversas partes dessa mesma sociedade ou grupo social.


Com o processo de industrialização, sobretudo nos países mais desenvolvidos e industrializados e de maior complexidade laboral, a coesão social sustenta-se com base na interdependência das partes do sistema, existindo uma colaboração entre as partes. Durkheim denomina este movimento de coesão como solidariedade.


A Lusofonia conta com mais de 48 milhões de jovens e segundo Ricardo Soares, fundador e coordenador da Juventude Unida dos Países de Língua Portuguesa (JUPLP), “são estes jovens os responsáveis por aproximar as nações que promovem diálogo, debate e intercâmbio cultural”. São os jovens, que livres de preconceitos e com uma forte noção de solidariedade, poderão ser o motor da coesão social no espaço lusófono.

A maior parte dos jovens da Lusofonia não conhecem este espaço. (SOARES, Ricardo. 2022. JPN). Por isso é importante que exista um movimento de jovens amplo, integrador, inclusivo e diverso, já que as instituições representativas da lusofonia falham e criam um vazio social neste sentido, basta ver o desapego existente entre os jovens e este espaço comum. Os jovens precisam de organizações ágeis e pouco burocráticas.


É por isso que a partilha de informação e de conhecimento entre os jovens lusófonos é a primeira instância do trabalho de base neste âmbito. Fortalecer as relações interpessoais, criar uma identidade e promover a coesão social dentro do espaço lusófono. É com o conhecimento que criamos empatia e é com a empatia que geramos relações solidárias.


Tenho a certeza de que a juventude, um dia, vai ter mais voz no meio lusófono. (SOARES, Ricardo. 2022. JPN).


Os jovens olham para a língua portuguesa como uma oportunidade, como um abrir de portas, e não como um instrumento de controlo. Os jovens são menos suscetíveis à criação de barreiras artificiais que só prejudicam o fortalecimento deste espaço.


A juventude lusófona precisa de criar mecanismos para gerar identidade, para gerar fatores identitários comuns e isto consegue-se promovendo processos de enraizamento com programas comuns de intercâmbio, trocas de informação e de conhecimento, contínuas e recorrentes, entre outros.


Ramos-Horta, atual Presidente da República Democrática de Timor-Leste e Nobel da Paz, em dezembro de 2021, falou de algumas medidas que poderiam ajudar neste sentido, como a criação de um canal de televisão online direcionado exclusivamente para os jovens. Na Galiza, existe a experiência do programa Xabarin Club, que gerou bons resultados.


VÍDEO:


As estruturas existentes dentro do espaço lusófono, em regra geral, dificultam a comunicação e a criação de canais de desenvolvimento e de fortalecimento da coesão social, daí ser importante salientar a visão de Ramos-Horta sobre os jovens e sobre o espaço lusófono.


Na maior parte dos territórios de fala portuguesa, os jovens constituem-se como uma maioria demográfica clara, portanto, é extremamente necessário saber aproveitar este facto.


A União Europeia é um bom exemplo de como trabalhar a coesão social e os jovens para fortalecer, neste caso, o espaço comum europeu. Segundo algumas conclusões do Conselho Europeu sobre o papel dos jovens na construção de uma sociedade segura, coesa e harmoniosa, é necessário reconhecer que os jovens são intervenientes fundamentais na construção da democracia, na criação de discursos pacíficos, no fomento da coesão social e na promoção de valores.


É assim imprescindível envolver e reconhecer os jovens como aliados fundamentais para o reforço da resiliência com a finalidade de combater desafios e trabalhar para uma sociedade inclusiva e pacífica.


Podemos concluir que o trabalho com a juventude pode desempenhar um papel importante no sentido de valorizar o potencial dos jovens para desempenharem um papel positivo na construção de uma sociedade coesa e solidária.


O que é a Juventude Unida dos Países de Língua Portuguesa?

A Juventude Unida dos Países de Língua Portuguesa nasceu em julho de 2020 com o objetivo de se tornar uma representação da juventude lusófona. É um movimento criado por jovens, para jovens e com intuito de aproximar as nações em projetos que promovem o diálogo, debate e o intercâmbio cultural. As nações constituintes são Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste e Galiza, mas também realizam trabalho na Região Administrativa Especial de Macau e em territórios com uma forte presença da imigração lusófona, como por exemplo na França.


Quem é Ricardo Soares?

Ricardo Soares, jovem brasileiro de 25 anos, natural de Belo Horizonte. Fundador e atual coordenador da Juventude Unida de Países de Língua Portuguesa. É também estudante de jornalismo.


Quem foi Émile Durkheim?

Nasceu a 15 de abril de 1858, em Épinal, no território francês da Alsácia, e era membro de uma família judaica tradicional. Foi considerado um psicólogo e sociólogo, por muitos reconhecido como o fundador da sociologia, já que foi o primeiro a criar um método sociológico que distinguiu a sociologia das demais ciências humanas.


BIBLIOGRAFIA:


  • JOHNSON, A.G. Dicionário de sociologia: guia prático de linguagem sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 1997.

  • THORPE, C. et al. O livro da Sociologia. São Paulo: GloboLivros, 2016.

  • JornalismoPortoNet: www.jpn.up.pt

  • JOUE - Jornal Oficial da União Europeia


Diego Garcia

Nasceu em Ourense, na Galiza, no dia 1 de agosto de 1992. É uma simbiose galego-portuguesa, passou a sua infância na Galiza, na Mezquita, até aos 16 anos, mas reside em Portugal, no distrito de Viseu, desde 2009. É um dos coordenadores da Juventude Unida dos Países de Língua Portuguesa e responsável pelo departamento de comunicação da organização.

É finalista da Licenciatura em Estudos Europeus pela Universidade Aberta de Portugal, com especialização em Direito, Economia e Sociologia.

Trabalha como tradutor freelancer e jornalista em diferentes meios da Galiza e Portugal e está fortemente ligado ao movimento associativo na área ambiental, do bem-estar animal e da juventude. Já foi deputado municipal e trabalhou como assessor parlamentar.

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