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Ataques de Israel ao Irã e o imediato reflexo no preço do petróleo

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    CERES
  • há 8 minutos
  • 4 min de leitura

Luis Augusto Medeiros Rutledge

Geopolítica e Energia



Os ataques de Israel ao Irã tiveram reflexos imediatos no setor energético, e, principalmente, no preço do petróleo. O barril de Brent do Mar do Norte para entrega em agosto foi negociado por cerca de 73,80 dólares na manhã de hoje, iniciando uma subida que já representa aumento de 6,4%. 


Israel atacou vários alvos no Irã com especial preocupação com a instalação nuclear de Natanz. Com várias explosões em Natanz, a unidade de enriquecimento de urânio se torna uma preocupação não apenas regional, mas global.


O alto risco geopolítico poderá afetar diretamente a cadeia global de suprimentos com graves consequências para o comércio de petróleo na região se o conflito se espalhar e houver o fechamento do Estreito de Ormuz. Se o Irã bloquear essa passagem estreita, isso poderá afetar até 20% dos fluxos mundiais de petróleo. O risco aumentado no Golfo Pérsico, no Golfo de Omã e no Estreito de Ormuz serão sentidos a partir de hoje.


O Irã é um dos dez maiores produtores de petróleo do mundo. O país é fortemente dependente em sua economia do pleno funcionamento e operação destas usinas e para fornecimento de combustível em todas as partes do país.


O preço do petróleo esteve recentemente em um nível comparativamente baixo e, no último mês, observou-se uma queda que poderia se prolongar em junho. Esta oscilação do mercado foi resultado direto das tarifas de Trump que causaram a queda global do dólar, moeda padrão usada para transações do mercado internacional de óleo e gás. Em especial para a União Europeia, as quedas do barril estavam se refletindo positivamente, pois os preços baixos favorecem o poder de compra de produtos petrolíferos na zona do euro.

No contexto geopolítico, é difícil imaginar que o Irã não responda de forma abrangente aos ataques das últimas horas. Essa escalada demonstra mais uma vez que qualquer risco geopolítico se reflete diretamente na segurança energética. Até o fechamento deste artigo, o mercado de petróleo suspeita de uma restrição iminente do fornecimento de petróleo do Oriente Médio para o mercado mundial, com a consequente disparada no preço do petróleo. 


Se houvesse realmente uma escassez de oferta, os compradores de petróleo teriam que procurar fontes alternativas de abastecimento em outro lugar no mercado mundial. E é justamente esse mecanismo que impulsiona os preços para cima, foi imediatamente precificado antecipadamente no mercado futuro.


Iremos acompanhar um pico natural nos custos de energia e, dependendo da extensão dos conflitos, impulsionar a inflação global e complicar as tarefas dos bancos centrais, no momento que a agitação do comércio internacional estava perdendo força à medida que se retomava o diálogo diplomático entre EUA e China, após as consequências da guerra comercial iniciada pelo governo dos EUA. 


Atualmente, apesar do acesso a maiores produtores alternativos no mercado de energia e rotas da cadeia de abastecimento após o início da Guerra da Ucrânia, os mercados estão preocupados com a possibilidade de o fornecimento ser interrompido devido à escalada das hostilidades. A OPEP +, têm ampla capacidade de reserva que podem ser ativadas, além do incremento das produções norte-americanas. Tudo vai depender do jogo geopolítico, onde as peças do tabuleiro são as imensas reservas de petróleo.  Além disso, a Agência Internacional de Energia pode decidir coordenar a liberação de estoques de emergência para acalmar o preço do petróleo.


Vale destacar que o Irã não possui forte presença nos principais mercados internacionais de petróleo pelas sanções ocidentais impostas às suas exportações.  Desde 2021, quase todas as exportações iranianas de petróleo foram para a China. De qualquer forma, a capacidade de reserva da OPEP + pode compensar a perda de produção no Irã. 


Entretanto, se houver um bloqueio do Estreito de Ormuz, o fluxo das reservas de óleo e gás da OPEP+ podem sofrer dificuldades. A região é uma estreita via navegável na foz do Golfo Pérsico, através da qual cerca de um quarto do comércio mundial de petróleo é transportado. Ao longo dos anos, o Irã atacou repetidamente navios mercantes que passavam por esse estreito e, no passado, até ameaçou bloquear o estreito. Este bloqueio, se ocorrer, irá se somar às inseguranças do Mar Vermelho. A região comporta importantes rotas comerciais marítimas que atravessam o Oriente Médio. Os gargalos, oil chokepoints, são: o Estreito de Ormuz entre o Irã e Omã, o Mar Vermelho e o Estreito de Bab al-Mandab, que liga o Mar Vermelho ao sul com o Golfo de Áden.


Contudo, se os ativos exploração e produção e armazenamento, transporte, comercialização do Irã forem atingidos, cerca de 1,7 milhão de barris de petróleo por dia em embarques de exportação podem estar em risco. Nesse cenário, o preço do petróleo Brent pode subir para US$ 80 por barril.


Concluindo, se a escalada continuar e levar a interrupções na cadeia logística do Estreito de Ormuz, cerca de 14 milhões de barris de petróleo poderão faltar de imediato na demanda global de óleo e gás. O mercado está atento.


Luis Augusto Rutledge
Luis Augusto Rutledge

Luis Augusto Medeiros Rutledge é Engenheiro de Petróleo e Analista de Geopolítica Energética. Possui MBA Executivo em Economia do Petróleo e Gás pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Pós-graduado em Relações Internacionais e Diplomacia pelo IBMEC. Atua como pesquisador da UFRJ, Membro Consultor do Observatório do Mundo Islâmico de Portugal, Consultor da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior – FUNCEX, Colunista do site Mente Mundo Relações Internacionais e autor de inúmeros artigos publicados sobre o setor energético.

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