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Violências banalizadas na famigerada fábrica de memes das guerras modernas: O uso das dores alheias como “munição” para desumanização

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    CERES
  • 30 de jun.
  • 3 min de leitura

Por Aline Batista

Com o acréscimo da presença das mídias sociais como espaços informacionais para um diálogo, pseudo cenário propício para discussão pública, fenômenos sérios como guerras e conflagrações armadas são vislumbrados, inúmeras vezes, como palco de criações sob humores duvidosos ou irônicos (Vide memes). Transformando ações bélicas no auge viral com fins variados, vê-se desde uma aplicabilidade para análise social à desinformação ou alcunha para “diversão” do público. Cabe avaliação sobre seus reflexos hodiernos no real.


Os famigerados “memes” são unidades sociais que se propagam pelos indivíduos, com o uso de imagens, vídeos ou piadas. No cenário online, são de poderosa linguagem para as comunicações generalizadas, com especificidade para gerações mais jovens. Logo que a aplicação deles é colocada no campo mundial, com especificação para guerras, há visão de usos como denúncia irônica, apoio/desagrado simbólico ou mesmo alívio cômico. Hoje, visualiza-se criações de conflagrações iniciadas ou uma pseudo “Terceira Guerra mundial”


Há nisso uma dualidade vislumbrada, já que de um lado concedem acessos ao diálogo ou cenário para discussões públicas, isso propiciando que pessoas sem acesso aos espaços das mídias comuns - Tradicionais - expressem opiniões. Porém, há alguma disseminação daqueles que humorizam bombardeios, massacres e geram ausência da moralidade e do viés emocional nessas ironias condicionadas. Logo, conflagrações são dadas como piada, perdendo peso com desumanização dos envolvidos, reforçando o “bobo” sem o senso (...)


A conexão e globalização colocaram conflagrações bélicas para repasse informacional ao vivo. E dessa forma, cenas de bombardeios, declarações de líderes e/ou dizeres bélicos são mixados, manipulados, direcionados e disseminados para páginas de comunicações vãs, com vazias projeções (...) Trilhas sonoras de videogames ou obras de cinema são as selecionadas para que essas criações (sob edição ou não) performem nas mídias sociais. Em musicalização com referência de filmes, séries e/ou jogos que sinalizam aquele caos.


Tudo o que foi mencionado dispõe de uma ligação compreendida na forma com que redes moldam e personificam olhos e ouvidos geracionais, nos moldes de uma criação da mídia já idealizada a fim de que seja viral, visual, rápida e com alguma reverberação (seja pelos risos ou choques), favorecendo maiores visualizações sem que haja algum resquício e/ou o mínimo de profundidade. Hoje, não busca-se mais “referências” sobre informações que são repassadas, o vislumbrado já define “lados”, pseudos análises e concepções comuns.


Vê-se dilemas que cerceiam a moralidade social sobre origem dessa criação/idealização, no viés dos porquês, sem discricionariedade, reverberando no depois, sobre a quem recai esse “riso” ou mesmo o risco. Compreende-se que há uma enorme diferenciação sobre os memes que são empenhados pelos que vivenciam o cenário com influência/ingerência, já que esse recurso é aplicável como forma de permanência simbólica da própria concepção - ironização não passional - com diferença dos que ridicularização ocorrências, fora delas.


A violação desse “Local de fala” e famigerado criacionismo gera dúvidas sobre o desígnio de responsabilidade e responsabilização na disseminação. Considera-se que há sim, logo se faz permissível a confecção de análises sociais em ironias que impulsionem dubiedade e vindouras reflexões, mas prioriza-se a noção de respaldo sobre o que reverbera o riso e o que fere alheias dores e vulnerabilidades. Inclusive, analisa-se que a “seleção” desses cenários dignos de “memes” inibem ocorridos desconhecidos que carecem de publicidade

Em suma, averigua-se um fenômeno com ambiguidade, na qual revela os poderes, sob as reafirmações da influência de mídias/redes sociais sob recurso inabalável com expressão, da mesma maneira que coloca luz aos riscos da superexposição (passível de edições), da superficialização de cenários complicados, que minimizam das ocorrências às gravidades, desumanizando e dessensibilizando-as. Cabe análise complexa sobre imagens/discursos disseminados e que circulam pelos canais de comunicação, com indigna missão perversa.


Aline Batista dos Santos
Aline Batista dos Santos

Aline Batista dos Santos

Graduada em Relações Internacionais (Bacharelado) pelo Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas - FMU (Com Bolsa 100% pelo Programa Universidade para Todos - PROUNI) | Pesquisadora Acadêmica no Programa de Iniciação Científica - PIVIC (2017; 2018; 2019 e 2020) | Monitora Acadêmica das Disciplinas de: "Finanças Internacionais" (2018.2); "Economia Brasileira Contemporânea" (2019.1); "Eventos e Extensão" (2019.2); "Geopolítica e Geoestratégia" (2020.1); "Fundamentos da Economia" (2020.1) | Analista Internacional | Educadora para a Transformação e o Impacto Social | Pesquisa Acadêmica | Gestão de Projetos e Negócios Sociais | 


FONTES CONSULTADAS I REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS = 


BAUMAN, Zygmunt., Vida Líquida; Zahar, 2007

CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2003.

ZUCCOLI, regina. A guerra virou meme? A lógica do entretenimento na cobertura de

conflitos armados. Cadernos de Comunicação, V.25, n2, p-45-60, 2001…

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