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EUA e Irã: projeto nuclear, petróleo e o objetivo norte-americano de encerrar o regime dos Aiatolás

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    CERES
  • 24 de jun.
  • 4 min de leitura

Luis Augusto Medeiros Rutledge

Geopolítica e Energia



Enquanto foguetes caem sobre Israel e Irã, agora temos as bombas norte-americanas dirigidas contra o regime dos aiatolás. Enquanto isso, Trump faz o discurso de falso conciliador para que o regime iraniano se renda completamente. E isso não vai acontecer. Para os líderes do Irã, Hamas, Israel e da Casa Branca, a guerra é o início e o fim do diálogo.

O Irã é um gigante científico e tecnológico altamente desenvolvido. O Irã tem um programa nuclear há mais de 30 anos. Países como, o Paquistão e a Coréia do Norte são muito menos desenvolvidos do que o Irã, e eles conseguiram isso com muita facilidade. 


O Irã possui alta capacidade de penetração nuclear, ou seja, tem plena condições de produzir material físsil suficiente para construir uma arma nuclear, violando tratados e normas internacionais. No entanto, o Irã poderia ser impedido de obter uma bomba por meio de negociações internacionais lideradas pelos EUA. Não esqueçamos que havia um acordo que impediria o Irã de aumentar o enriquecimento nuclear. 


No primeiro governo Trump, foi o próprio governo de Israel através de Netanyahu quem persuadiu o então governo norte-americano a se retirar do acordo, empurrando o Irã mais perto do que nunca de uma explosão nuclear. 


Netanyahu, é quem aproximou o Irã de uma explosão nuclear. Essa guerra pode levar a um acordo que impeça o Irã de enriquecer material físsil em seu solo, mas isso poderia ter sido alcançado por meio de diplomacia apoiada por sérias ameaças militares.


Os ataques que elevaram a temperatura entre Irã e os EUA deixam em aberto a certeza do destino do projeto nuclear iraniano e a capacidade de resposta de Teerã. A participação, agora direta, dos EUA na guerra entre Israel e Irã também são reflexos da pressão política e estratégica do presidente dos EUA, Donald Trump, de colocar à prova a eficiência das armas norte-americanas e tentar incitar a população iraniana num levante contra o atual regime.


O Irã tem prioridades ditadas por sua ideologia inflexível, incluindo o orgulho de seu programa nuclear como símbolo de independência, e para o país este programa é um sinal de progresso e conhecimento técnico, além de uma prova clara de legitimidade intelectual de sua nação. Porém, acima das questões energéticas e militares, o programa nuclear, onde foram investidos enormes recursos, acima de tudo é uma carta na manga das negociações diplomáticas do Irã em suas relações com o Ocidente e seus vizinhos árabes.


O impacto do ataque dos EUA no projeto nuclear iraniano tem logicamente a capacidade de atrasar o progresso de seu programa nuclear, mas, por outro lado, entretanto, os efeitos do ataque não serão revelados pelo governo iraniano e, com certeza, seu estoque de urânio enriquecido está preservado para fim futuro.


De certo, quanto ao estoque de urânio enriquecido do Irã, as estimativas indicam que um estoque de urânio enriquecido a 60% permite que o Irã produza várias bombas em um curto período, mas ao mesmo tempo o dilema está na necessidade do Irã de resolver suas questões com países ocidentais para suspender as sanções que asfixiam sua economia e constituem forte pressão para derrubar seu regime.


O Irã é acostumado com gerenciamento de crises e, portanto, tem a capacidade para manter a sobrevivência do regime e provavelmente se limitarão as respostas já realizadas contra Israel para evitar um ataque EUA-Israel em grande escala.


O regime iraniano tem como prioridade máxima a manutenção do atual regime e reconhece uma forte disparidade bélica no equilíbrio de poder com Israel apadrinhado pelos Estados Unidos. 


O ataque nas três grandes instalações nucleares iranianas em Fordow, Isfahan e Natanz cercou a região com muitas preocupações e questões de tensão sobre as repercussões dentro e fora do Irã.


Os próximos passos iranianos serão determinantes. Veremos se o Irã está interessado em iniciar uma guerra regional envolvendo seus grupos armados afiliados na guerra e, em seguida, a eclosão da guerra no Iêmen, Iraque e Líbano, ou se o Irã pode se contentar com um ataque simbólico para salvar a face em qualquer uma das bases militares sem danos e com notificação prévia.


Quanto ao petróleo, os ataques dos EUA às instalações nucleares do Irã fazem aumentar as ameaças de Teerã de fechar o Estreito de Ormuz, e, se isso for feito, o preço do petróleo nos mercados mundiais enfrentará um salto sem precedentes.


No momento em que a economia mundial tenta se equilibrar após a guerra comercial das tarifas de Donald Trump, a crescente escalada da guerra agora se tornou uma séria ameaça aos recursos petrolíferos do mundo.


Essa situação pode levar a uma grande crise energética, pois se as tensões continuarem e a guerra se espalhar na região, existe a possibilidade de que o transporte marítimo de petróleo pelo Estreito de Ormuz seja bloqueado e o petróleo iraniano possa até ser retirado do mercado global. Essas preocupações levaram a um aumento acentuado no preço do petróleo Brent e West Texas imediatamente. 


O Irã é o terceiro maior produtor da OPEP, e a escalada da situação pode afetar a passagem de navios pelo Estreito de Ormuz, uma rota vital para o comércio de petróleo e produtos petrolíferos. O preço do petróleo a partir de agora dependerá de uma interrupção no fornecimento.


A única certeza de momento é que a guerra sem sentido e interminável nesta região irá conduzir a economia e a geopolítica global nos próximos meses ou até o final deste ano.  


Luis Augusto Rutledge
Luis Augusto Rutledge

Luis Augusto Medeiros Rutledge

Engenheiro de petróleo formado pela UNESA e possui MBA Executivo em Economia do Petróleo e Gás pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pós-graduado em Relações Internacionais e Diplomacia pelo IBMEC.

Pesquisador da UFRJ, Analista de Geopolítica Energética e Membro Consultor do Observatório do Mundo Islâmico de Portugal, Consultor da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior - FUNCEX. 

Colunista do site MenteMundo.

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